Introdução

"Não sei se cada um tem um destino ou se a gente fica constantemente flutuando e sendo levado por uma brisa... Talvez sejam os dois juntos..." (Forrest Gump). O que acontece neste momento é que aos 27 anos de idade resolvi encarar esse indecifrável destino ou acaso que até então configuram o mais inesperado e desafiador passo da minha vida.

Até alguns dias atrás tudo o que sabia da África do Sul limitava-se as suas riquesas minerais e grande produção de ouro, ao regime de segregação racial (apartheid) combatido por Nelson Mandela e mais recentemente pelo fato de ser a próxima sede da Copa do Mundo de futebol em 2010.

A África do Sul tem três capitais: Pretoria (Executiva ), Cidade do Cabo (Legislativa ) e Bloemfontein (Judiciária) mas Johanesburgo é aquela que mais se destaca por ser a maior cidade da África do Sul, a quarta maior do continente e o maior centro financeiro e industrial do país. E é nela que agora me encontro em decorrência de minha transferência para a Paragon, um dos mais renomados escritórios de arquitetura sul-africanos (www.paragon.co.za).

Sair da casa dos pais é algo natural e pelo qual muitos de vocês que estão lendo já vivenciaram ou ainda estão por fazê-lo. Sabia que de longe seria fácil abrir mão do contato diário com a família e com os amigos, da comodidade daquela até então conhecida rotina de acordar, trabalhar, malhar, navegar na internet e dormir... Dar uma “passadinha” nos constantes churrascos e aniversários de finais de semana entre velhos e conhecidos barzinhos de BH e casas dos amigos e daí recomeçar tudo outra vez. Mas às vezes penso que quando você acredita e busca algo maior, alguns sacrifícios se tornam necessários e abrir mão de algumas coisas é quase que indispensável. Realmente não se pode ter tudo ao mesmo tempo.

Primeiras impressões

Acho que todo mundo que já foi em países como a Inglaterra e Austrália estranharam de cara o sentido invertido do trânsito e o banco do motorista no lugar do passageiro. Aqui na África do Sul também não foi diferente e a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi a pergunta de que se um dia eu seria capaz de dirigir por essas ruas. Até agora já peguei num carro duas vezes e digo que não foi tão difícil assim, mas é algo que ainda tenho que praticar até perder o instintosde querer abrir a porta do lado esquerdo e passar a marcha com a mão direita. Coisas que também me chamaram a atenção foi o fato de haver muitos poucos pedestres na rua e a inexistência de transporte público, o que faz com que a cidade seja tomada por carros. Em contrapartida a cidade ganha um ar mais limpo por ser bastante arborizada. Como estamos no inverno as árvores estão secas e amareladas mas logo dizem que tudo fica muito verde.

(Essa pra quem não conhece é a Sabrina que também trabalhava na Dávila e acabou de se mudar pra cá)



(Video gravado pelas ruas de Johannesburgo)

A grande família

Logo quando cheguei aqui fiquei hospedado na casa da Letícia e do Juliano e assim como eu, estavam lá já instalados a Sabrina e o Henrique que também haviam acabado de mudar. Duas semanas se passaram e é claro que numa casa onde 5 pessoas convivem diariamente muitos casos engraçados surgiram. Daí fica fácil entender o porquê do título “A grande família”. Letícia (Dona Nenê), Juliano (Popozão), Sabrina (Bebel), Henrique (Augustinho) e eu (Tuco). Eu já havia trabalhado com a Letícia e a Sabrina na Dávila BH mas a primeira se casou com o Juliano e veio morar na África do Sul. Ela começou a trabalhar na Paragon e dois anos e meio depois fez o convite para que eu e a Sabrina também nos juntássemos ao time desse escritório. O Henrique é publicitário e veio acompanhando a Sabrina e de cara depois de muitas entrevistas já conseguiu um emprego em sua área. E assim como nas histórias da “Grande Família” já fomos apresentados a muitos outros amigos brasileiros.. Leandro, Renata, luisa e Rafael, os mineiros, Flavinho e Juliana, os pernambucanos, João, Gabi, Vandré e Cecília, os gaúchos, entre outros. Uma turma muito boa que se reúne praticamente todos os finais de semana.

A Paragon

A Paragon até agora foi um dos lugares mais legais que conheci aqui em Johanesburgo. Um escritório que na verdade parece mais um grande estúdio de arquitetura e que perde aquela rigorosa estrutura formal de salas e estações de trabalho. Uma cobertura inclinada de vidro e estrutura metálica aparente com um pé-direito que vence cinco andares de um prédio e um mezanino onde se tem área para refeições, descanso e lazer.